Em março de 1918, a gripe espanhola ou gripe pneumónica era transmitida através do contato entre as pessoas por meio de tosse ou espirro contaminados pelo vírus influenza. Se alastrou rapidamente em várias regiões do planeta, matando cerca de 75 milhões de pessoas. Aproximadamente cem anos depois, outra pandemia surge com algumas similaridades, porém, com a particularidade de ter vacinas desenvolvidas em um curto período de tempo. Os primeiros casos de Covid-19 foram identificados em dezembro de 2019 em Wuhan, na China, infectando mais de 100 milhões de pessoas até o momento, enquanto o número de mortes ultrapassa 2 milhões, com destaque para países como Estados Unidos, Brasil, Índia, México e Reino Unido.
Pesquisas para desenvolvimento de vacinas normalmente são complexas e costumam demorar por volta de 10 a 15 anos, pois precisam passar por cinco estágios gerais: exploratório, pré-clínico, desenvolvimento clínico, revisão regulatória e aprovação, produção e controle de qualidade. Durante o desenvolvimento clínico é que são realizados testes em humanos. Esta etapa se subdivide em três fases onde inicialmente é testada em um grupo pequeno, em seguida, num grupo maior mas com ampla variedade de estados de saúde e idade, e por fim num grupo ainda maior chegando a milhares de indivíduos testados. Esforços globais foram e ainda estão sendo realizados, resultando em 202 vacinas em estudo, 78 em etapa de desenvolvimento clínico e 11 aprovadas.
A autorização ocorre quando a agência governamental de cada país avalia os testes e faz o pedido de licenciamento. As vacinas aprovadas estão sendo usadas em caráter emergencial ou com registro temporário de ao menos um país, no entanto, é bom reiterar que as aprovadas já foram testadas em milhares de pessoas. Em dezembro de 2020 iniciaram as aplicações de doses da vacina BioNTech/Pfizer, a primeira a ter autorização. Israel saiu na frente e vem vacinando cerca de 50 a cada 100 pessoas e os Emirados Árabes Unidos e Ilhas Seychelles 30 a cada 100. Reino Unido 12, Barém 10, Estados Unidos 8 e Sérvia 6. Demais países da Europa, Canadá e Islândia seguem vacinando em média de 2 a 6 a cada 100. Na América Latina, Brasil e Argentina 0.7, Costa Rica 0.9 e México 0.5 a cada 100. China 1.5, Omã 0.7 e Índia 0.2 seguido por demais países que estão abaixo de 0.2 ou que não disponibilizaram dados até este momento.
Apesar de o processo de imunização ter se iniciado na maior parte do globo, ainda é cedo para saber se a pandemia será contida pela vacina. Ainda neste início de processo já foram identificadas três variantes do vírus: a variante do Reino Unido, África do Sul e do Brasil. Apesar destas serem consideradas mais virulentas e se espalharem com muita facilidade, estudos sugerem que os anticorpos produzidos em resposta à vacina são capazes de reconhecer as variantes do vírus, porém assim como a própria vacina, mais estudos serão necessários para entender com profundidade de detalhes a resposta imune em cada caso.
Além disso, há outros obstáculos que interferem no processo de vacinação da população mundial. Questões políticas, logística, falta de insumos e dinheiro são apenas alguns dos motivos que explicam porque alguns países ainda não iniciaram a vacinação ou estão atrasados em seu processo. A tendência é que países mais pobres precisem esperar muito mais tempo por doses da vacina, num momento onde o tempo é fator determinante para o desfecho da pandemia. Apesar de organizações internacionais estarem empenhadas em realizar a distribuição igualitária de doses com a COVAX Facility, ainda não conseguiram alcançar seus objetivos e, por isso, Zimbábue, Etiópia, Uganda e outros 88 países ocupam os últimos lugares na corrida da vacina.
https://www.bbc.com/news/world-51235105
https://ourworldindata.org/covid-deaths
https://coronavirus.jhu.edu/map.html
https://www.historyofvaccines.org/content/articles/vaccine-development-testing-and-regulation
https://www.cdc.gov/vaccines/basics/test-approve.html
https://covid19.trackvaccines.org/vaccines/
https://ourworldindata.org/covid-vaccinations
https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/transmission/variant.html
https://www.politico.eu/article/coronavirus-vaccines-poor-countries-equal-access/
Natalia Rodrigues (Colaboradora Green Nation)