A experiência “Sabores e sentidos” trata do aproveitamento integral dos alimentos. Com uma degustação preparada por chefs e nutricionistas, essa ação foca no ciclo natural dos alimentos e no seu aproveitamento integral
Para saber mais sobre essa relação com o alimento, conversamos com a nutricionista Noadia Lobão, especialista em Nutrição Clínica, conselheira do movimento Slow Food Brasil e consultora em nutrição do evento Green Nation.
Fale um pouco sobre o movimento Slow Food no Brasil.
O Slow Food foi criado por Carlo Petrini e um grupo de ativistas, na década de 1980, com o objetivo inicial de defender as tradições regionais, a boa comida, o prazer gastronômico e um ritmo lento de vida. O movimento Slow Food vem com a proposta de promover práticas alimentares que considerem as origens do alimento baseado em três principais valores: “o alimento bom, o alimento limpo e o alimento justo.” O alimento bom, associado ao sabor, satisfação dos sentidos e relação com a cultura local. O alimento limpo, sem contaminantes para o ser humano e meio ambiente. O alimento justo, com custo acessível ao consumidor e condições de remuneração que sejam justas para quem produz.
A comunidade que organizei e da qual sou a porta voz: Caminhos Para uma alimentação Sustentável na região sudeste, tem como público alvo agricultores, famílias, restaurantes e pessoas interessadas em aderir e propagar o conceito Slow Food. Nós propomos ações como: valorização da cadeia produtiva, compra de alimentos agroecológicos ou biodinâmicos, consumo de alimentos regionais e incentivos ao comércio local. Também incentivamos o consumo de hortaliças tradicionais, não convencionais, o plantio de horta em casa (que impacta no custo ao substituir o que antes era comprado) e a gestão dos resíduos orgânicos da cozinha, que podem servir para o processo de compostagem para adubar sua própria horta ou para o seu paisagismo, podendo proporcionar, ainda, retorno financeiro.
Para aqueles que querem repensar seus hábitos alimentares, por onde começar?
As principais mudanças que devemos fazer são: Adotar o aproveitamento integral dos alimentos. Essa prática reduz o desperdício de alimentos, reduz a formação de lixo, torna os alimentos mais nutritivos e ajuda na economia familiar. Comer mais vegetais crus, como frutas e hortaliças, que são ricos em nutrientes e antioxidantes, contendo enzimas que auxiliam na digestão. Estas substâncias colaboram para a saúde e para a longevidade com qualidade de vida. Com isso, também reduzimos o consumo de água e o gasto de energia necessário para a preparação das refeições. Outra mudança essencial, é reduzir o consumo de proteínas animais (carne). Além de ser bom para a saúde, reduz os gastos com a alimentação e melhora o meio ambiente, pois a criação de animais é mais prejudicial para o ecossistema que a agricultura.
Quão importante é a educação alimentar para a educação ambiental?
A educação alimentar é parte importante da educação ambiental. Vou apresentar alguns exemplos dos cuidados que as pessoas têm que ter com a alimentação, que são muito importantes para o meio ambiente. Mudar os hábitos pessoais como: evitar sacolas plásticas no supermercado, aproveitar integralmente os alimentos, reduzir o consumo de proteínas animais, cuja produção causa mais danos ambientais que a agricultura, evitar alimentos embalados (as embalagens aumentam a quantidade de lixo), utilizar mais alimentos crus, visando reduzir o consumo de energia e água para o cozimento.
Noádia Lobão é especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), pós-graduada em Obesidade, Nutrição Clínica Funcional, Fitoterapia funcional aplicada à nutrição e Nutrição esportiva. É diretora do Centro Brasileiro de Apoio Nutricional (CBAN) e presidente do Congresso Internacional de Nutrição Especializada (COINE Brasil).