Imagine que você acabou de acordar e ainda está deitado em sua cama. Tem um longo dia pela frente, há muitas pequenas escolhas a fazer e várias oportunidades de fazer a diferença. Você se levanta, lava o rosto e escova os dentes. O sabonete que usa para lavar o rosto é feito de uma série de produtos químicos, biodegradáveis ou não, que vão parar no esgoto e, depois de tratado, volta ao curso das águas. Você escova os dentes. A escova é feita de plástico e, segundo muitos dentistas, deve ser trocada ao menos três vezes ao ano. A pasta de dente, novamente, também contém vários elementos químicos não biodegradáveis, como microplásticos, que colocamos para dentro de nosso corpo e jogamos em nossas águas e oceanos. Então você toma um longo banho, pensa na vida debaixo da água enquanto se prepara para o dia. E a água pelo ralo, tempo demais, enquanto há povos que brigam pelo mínimo de água para viver.
É a hora do café da manhã. Você pega para comer um bolo de chocolate, que veio dentro de um pacote, já pronto, embalado na fábrica. Esse bolo viajou bastante até chegar na sua cozinha. Viagens gastam combustível. Combustíveis emitem, em sua maioria e, sobretudo os fósseis, gases causadores do Efeito Estufa (GEE). Minha intenção aqui não é ser chata, ou talvez seja, mas chamar atenção para os nossos hábitos enquanto indivíduos. Todo hábito gera um impacto. Positivo ou negativo, para nós ou para o meio ambiente (e, surpresa! O “nós” também faz parte do meio ambiente).
Se não é tarefa fácil mudar e melhorar as práticas dos Estados, empresas e organizações da sociedade civil quando se trata de impacto ambiental e o mundo que estamos deixando para as futuras gerações da humanidade, a mudança individual não pode ser negligenciada. Indivíduos somados são sociedades, grupos, nações, empresas, ONGs, países, habitantes do planeta Terra. Cada contribuição é relevante. Cada autorreflexão e autocrítica sobre nossos hábitos e o impacto deles nas mudanças do clima e do planeta é válida. Nós não temos tempo a perder. Literalmente. O relógio das alterações climáticas e aumento da temperatura terrestre já está há tempos apontando para um ponto de “não retorno”, ou seja, que as consequências e mudanças no clima causadas pela humanidade nos últimos séculos não poderão ser revertidas.
Eu sei que é chato, por vezes difícil, ficar prestando atenção a cada passo e ação que tomamos no dia a dia frente a nossa pegada ecológica, por exemplo. Não precisamos nos tornar pessoas preocupadas 100% do tempo que só pensam nisso e se frustram com o aparente baixo impacto de suas ações. O que precisamos é de consciência sobre os nossos atos, ter em mente que cada escolha que tomamos pode ser uma escolha melhor ou pior para o nosso futuro. Dê preferência a produtos e serviços que tenham menor impacto ambiental. Você, muitas vezes, precisará consumi-los de qualquer forma. Sendo assim, por favor, considere uma opção de menor impacto ao planeta. Se puder trocar as escovas de plástico por escovas de bambu, material natural e biodegradável, melhor. Se puder diminuir o tempo com a torneira e chuveiro aberto, gastando menos o recurso mais valioso que temos, melhor. Se puder escolher cosméticos naturais, biodegradáveis e veganos, excelente, vai ajudar a mostrar para o mundo (e para as indústrias) que apoia essa opção sustentável e contribuir para reduzir a poluição dos oceanos e maus tratos à animais. Se puder aproveitar os alimentos locais e da época, menor o impacto na produção e transporte desses alimentos, menor o uso de agrotóxicos e maior o impacto em sua saúde. Se puder cozinhar ao invés de comprar algo já embalado em plástico, vai nutrir melhor o seu corpo e a própria Terra.
O fato é que nós fazemos escolhas todos os dias e todas elas têm impacto. Espero que, cada vez mais, estejamos conscientes disso e disponíveis a optar por escolhas melhores para nós mesmos, nossas comunidades e planeta. Não desanime. Cada esforço conta!
Ana Luíza Teixeira é colaboradora do Green Nation, internacionalista, ambientalista e produtora de conteúdo. LinkedIn
