Infância e natureza na Escola da Serra em BH

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Educação e natureza, a dobradinha de sucesso da Escola da Serra em BH

Há 15 anos a Escola da Serra, em Belo Horizonte, leva seus alunos do terceiro ciclo, cerca de 60 a 70 estudantes, para um estudo do meio na região de Lapinha da Serra, no município de Santana do Riacho, Serra do Cipó (MG). Não tem pousada, nem camping. O vilarejo mais próximo fica a 7km. O acampamento é à moda antiga, barraca no chão, sem energia elétrica, muito menos wi-fi. As comidas são preparadas em um fogão de pedra e a única iluminação à noite é da fogueira. E do céu estrelado que só se encontra no campo.

Esse é um dos exemplos que Sérgio Godinho,  psicólogo, educador e diretor da Escola da Serra, antigo seminário dominicano, apresenta quando o assunto é inovação educacional, criança, adolescentes e sua relação com a natureza. Antes da viagem, os estudantes passam por uma preparação intensa para lidar com animais peçonhentos, primeiros socorros, “culinária de acampamento” e coleta de todo o lixo produzido.

Há 15 anos os alunos acampam na Lapinha da Serra, Serra do Cipó, Minas Gerais

“Eles se revelam nessa experiência, porque é um outro tipo de convívio. Eles se transformam, percebem a importância da colaboração, o tímido pode se transformar no líder, nenhum deles volta do mesmo jeito”, observa o educador.

Localizada em um terreno de dois mil metros quadrados, em uma área urbana, a Escola da Serra preserva seus pátios repletos de árvores “idosas”, frondosas, desde o tempo em que era um seminário dominicano. Elas são o “brinquedão” por excelência dos estudantes. Dos 5 aos 14 anos, é debaixo delas que eles leem, conversam, brincam, sobem em seus galhos e se penduram em cordas que estão lá para isso mesmo, pendurar-se e balançar o máximo possível.

´Árvores “brinquedão”, crianças descaças e quartizito ao invés de cimento

Zero cimento. O chão é coberto por quartzito branco, que se transforma em diversas brincadeiras para os pequenos. Não há brinquedos de plástico e todo o espaço é baseado no conceito da simplicidade, do natural e aberto. Todas as crianças, de qualquer idade, podem circular  em qualquer espaço. Exceto um pátio só para a educação infantil. E para quem já está no turno integral, o “redódromo” dispõe de nove redes para adolescentes sonolentos. “Melhor dormir antes que durante as aulas”, brinca Godinho.

As salas seguem o mesmo princípio: são grandes salões abertos, onde as turmas se encontram pela temática, independente de seu ciclo, que no caso da Escola da Serra, são de três anos. Segundo o diretor, o protagonismo é do aluno: é ele quem decide o que quer estudar no dia, os professores são orientadores que ajudam a pesquisar para chegar ao resultado esperado.

Treinamento de primeiros socorros para acampamento

Para o educador, não existe mais nenhum sentido em trancar alunos na sala de aula, como se o conhecimento só acontecesse dentro de quatro paredes. O aprendizado pode se dar em todos os espaços. Mas por que então, as escolas continuam no formato uniforme, cadeiras enfileiradas, aulas expositivas e muito conteúdo? Sérgio acredita que a educação vive uma síndrome de passarinho com a gaiola aberta, não consegue sair do sistema.

“Desde a LDB de 1996, as escolas têm autonomia para criar novos formatos de educação. Mas professores, diretores, continuam no mesmo sistema de ensino dos nossos avós, dos nossos pais. Um currículo engessado. E isso é surreal”, argumenta. Sergio acredita que o fator custo pode explicar classes com 40, 50 alunos e um só professor. Mas acha que é preciso rever o modelo.

Na Escola da Serra, todos os ciclos trabalham com seis “disciplinas”: Linguagem, Artes, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Corpo e Mente. Os alunos têm aula de yoga e Tai chi, por exemplo.  Horta, compostagem e minhocário também estão  na rotina educacional.

Outro diferencial que Sergio destaca é o convívio com toda a comunidade escolar. E isso inclui toda a família: pais, avós, primos, além, claro, de professores e funcionários. As portas estão abertas a qualquer horário. Há um pipoqueiro nos horários de saída, bancos e cadeiras para que os familiares possam conversar entre si, com educadores e seus filhos. “Um clima de pracinha de interior”, diz Sergio.

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