Fim dos canudos plásticos. Uma nova era?

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ODS - ONU

Copinhos de água, cafezinho, talheres e canudos plásticos são os itens que nos vêm à cabeça quando falamos de plásticos descartáveis. Cinco minutos de uso e…lixo. Que na maioria das cidades, não é reciclado, acaba em aterros, rios, córregos e finalmente, nos oceanos. Resultado: cerca de oito milhões de toneladas de resíduos plásticos são lançados no mar todos os anos segundo estudos da ONU. E provocam a morte de cem mil animais marinhos.

A boa notícia é que depois de um vídeo que viralizou mundialmente, onde é retirado um canudo plástico inteiro da narina de uma tartaruga marinha, uma grande comoção elegeu o utensílio como um dos vilões do meio ambiente. Atitudes foram tomadas. Seattle, nos Estados Unidos, foi a primeira cidade a abolir por lei a extinção do utensílio descartável. Depois, o estado da Califórnia. No Brasil, Rio de Janeiro e agora São Paulo, também criaram uma legislação banindo o canudinho. E muitas empresas do ramo alimentício já aderiram à substituição por materiais recicláveis independente de leis locais.

Embora represente apenas 0,025% do lixo plástico, o fim dos canudos dá visibilidade à necessidade de um novo comportamento no dia-a-dia com demais descartáveis usados no dia-a-dia, que podem ser simplesmente substituídos por materiais mais sustentáveis.

Surgiram no mercado alternativas simpáticas e biodegradáveis, como canudos de bambu, papel e até macarrão. Para quem gosta de durabilidade, kits de inox, canudo e escovinha sob medida para higienização.

É o caso do kit de inox criado pela plataforma Bemglô, uma rede colaborativa de produtos sustentáveis. Segundo Betty Prado, sócio fundadora junto com a atriz Glória Pires, a venda superou as expectativas em um ano depois de lançado o produto: 1500 kits até o momento. “Isso significa cerca de 500 mil canudos de plástico a menos”, contabiliza Betty.  E não foi fácil achar um fornecedor parceiro, conta a sócia, já que a Bemglô tem princípios muito rigorosos de justo comércio. Toda a cadeia produtiva deve estar dentro de boas práticas.

Livia Mapa, sucesso com os canudos de inox em sua pousada

A hoteleira Lívia Mapa, da Pousada Oito Ilhas, em Ilha Bela, aderiu rapidamente à onda. Localizada numa reserva da Mata Atlântica, a ilha já é famosa pelo ecoturismo, e a pousada já adotava diversas boas práticas de sustentabilidade junto aos hóspedes. Não seria diferente com os canudos. “Inicialmente trabalhamos com biodegradáveis e tentamos eliminá-los aos poucos, deixando de servir no acompanhamento dos drinks, sucos,  etc. Quando pediam, não percebiam que era biodegradável.  Quando virou Lei Municipal, resolvemos então adotar canudos de inox definitivamente e o impacto foi muito maior. Somos parabenizados frequentemente pela atitude, as pessoas conversam sobre o assunto e querem comprar um igual para seu dia-a-dia”, conta a empresária.

Luís Varinha, da Cervejaria Zuraffa, em São Paulo, conta que não foi fácil fazer a substituição, mas estavam convictos da importância de substituir o produto plástico. “Pesquisei alternativas, mas sempre caia na questão do custo. Canudos alternativos, comestíveis, de bambu, entre outros materiais são caros para um estabelecimento do nosso porte, tornando-se inviáveis financeiramente”, explica Varinha.

Canudos biodegradaveis na Cervejaria Zuraffa

Acabou encontrando um modelo “biodegradável” e topou a empreitada, mesmo com um lote mínimo de 2 mil unidades inicialmente. “Mas ainda achamos que três anos para se decompor, é muito tempo”, avaliou o cervejeiro. Pesquisou mais e chegou ao canudo de papel, do mesmo fornecedor das bolachas para chopp. Mas só colocam quando o cliente solicita. “Felizmente, a clientela vem se mostrando muito consciente, e ficam muito satisfeitos quando explicamos nossa decisão”, diz o empresário. O próximo desafio da casa é trocar também os copos plásticos da casa.

A movimentação em torno do fim dos canudos abriu um importante debate na questão da sustentabilidade na rotina diária das pessoas. Se podemos levar nosso próprio canudo, ou substituí-lo por um de material biodegradável, porque não estender o costume ao próprio copo, talheres e xícaras? O fim dos canudos pode ser o início de uma nova era para o meio ambiente.

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