“Lutar pela terra, lutar pelas plantas, lutar pela agricultura, porque se não vivermos dentro da agricultura, vamos acabar. Não tem vida que continue sem terra, sem agricultura” – Ana Maria Primavesi
Neste mês de março, traremos a história de algumas mulheres que foram importantes para a área de meio ambiente no Brasil e no mundo, e que deixaram legados e contribuições inestimáveis. A grande mulher em questão foi uma agrônoma, professora universitária, mãe, esposa, pioneira na agroecologia e inspiração para muita gente.
Ana Maria Primavesi nasceu na Áustria, em 3 de outubro de 1920. Com os pais agricultores foi que ela aprendeu os primeiros passos da ciência agrícola. Mudou-se para o Brasil logo após a Segunda Guerra Mundial, nos anos 50, onde viveu até o fim de sua vida. Com profundo conhecimento, amor e apreço pela natureza, Ana Primavesi revolucionou a agronomia, sobretudo na área de agroecologia.
Pioneira no assunto, a agrônoma entendia que os solos eram feitos de matéria viva, e portanto deveriam estar em constante harmonia com o restante do ecossistema que o sobrepunha. Pregava a interação equilibrada entre os seres humanos e o solo, para a produção de uma alimentação saudável. Alimentação saudável esta, que não poderia estar desligada da saúde dos solos. Estava tudo interligado, ela pensava: solos, seres humanos, água, ar, plantas, animais.
Em seu livro “Manejo Ecológico do Solo”, Primavesi contribuiu com pioneirismo para os estudos sobre técnicas de manejo ecológico do solo, lançando as bases para o que iria revolucionar as práticas de manejo de solos tropicais. Ela entendia que por o solo ser um organismo vivo e estar interligado com as condições climáticas e geográficas, não deveríamos importar as técnicas e manejos da Europa e Estados Unidos, onde o clima é temperado e as condições geográficas totalmente diferentes. O melhor para os solos tropicais era ter a sua própria abordagem, suas próprias técnicas que estivessem de acordo com o ritmo e características dos ecossistemas tropicais. As pesquisas e livros da agrônoma fortificaram a base para o desenvolvimento da agroecologia no Brasil e no mundo.
Muitos tiveram a oportunidade de aprender em sala de aula com Ana Primavesi, que foi docente do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) entre 1961 e 1974. Ana dava aula sobre produtividade dos solos, deficiências minerais, agrostologia e dirigia o laboratório onde pesquisava sobre biologia e análise dos solos. Foi nessa época que começou a escrever o seu livro “Manejo Ecológico do Solo”, que revolucionou a agronomia. Um de seus grandes legados foi um projeto que realizou na UFSM, um longa-metragem retratando e explicando a vida dos organismos e minerais convivendo dentro do solo. “A Vida do Solo” foi o primeiro filme a explicar essa dinâmica do mundo abaixo da terra que tanto fascinava Primavesi. A animação foi mais uma das tentativas da agrônoma de conscientizar as pessoas sobre a importância dos solos e da forma como são tratados, que estão diretamente ligados ao movimento de vida no planeta Terra.
Terminamos essa singela homenagem à mulher que foi Ana Primavesi com uma de suas célebres frases, que resume as suas descobertas em sua trajetória ambiental:
“O segredo da vida é o solo, porque do solo dependem as plantas, a água, o clima e a nossa vida. Tudo está interligado. Não existe ser humano sadio se o solo não for sadio” (Ana Primavesi).
Ana Luíza Teixeira (Colaboradora Green Nation)