Novos parâmetros de prosperidade e bem estar: a natureza como fator central na contabilidade ambiental

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ODS - ONU

Em março de 2021, o Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, anunciou a decisão da Comissão de Estatística da ONU de adotar um novo parâmetro mundial para mensurar a prosperidade e bem-estar das nações, levando em conta a natureza como fator chave na nova medida de avaliação. O Sistema de Contabilidade Econômico-Ambiental – Contabilidade de Ecossistema pretende incluir o manejo sustentável dos recursos naturais como fator interligado ao progresso econômico, de modo a não permitir que a destruição ambiental possa ser considerada desenvolvimento econômico. 

A autoridade da ONU em padrões internacionais de mensuração anunciou que o novo indicador terá grande relevância na reformulação de decisões políticas para o desenvolvimento sustentável e o regime de mudanças climáticas. Ao longo dos anos, a humanidade aprendeu a importância de revisar indicadores de progresso, ao passo em que os avanços científicos e morais das sociedades caminham. Houve um momento em que mesmo o maior indicador de prosperidade econômica de uma nação, o Produto Interno Bruto (PIB), não era suficiente para classificar o desenvolvimento nos países. O PIB indica a produção econômica bruta de um estado, não a qualidade de vida e bem estar da população. Há um enorme debate na academia acerca do que é considerado desenvolvimento de um país, e diversos autores concordam que o fator econômico não é o único nessa equação.

Entende-se que prosperidade econômica, qualidade de vida e bem estar estão interconectados, mas há um outro fator central e que é o foco deste artigo: o meio ambiente. Analisar a natureza e os impactos das ações antrópicas sobre ela é fundamental para pensar o desenvolvimento das nações. Por isso, o Sistema de Contabilidade Econômico-Ambiental anunciado pelas Nações Unidas é uma iniciativa significativa e que indica um novo horizonte. Um novo e verde horizonte. Cada vez mais consumidores, cidadãos, instituições, empresas e governos se responsabilizam pela sustentabilidade e impacto ambiental de suas ações, desenhando um futuro mais próximo da harmonia entre humanidade e natureza. 

O conceito de contabilidade ambiental, isto é, o registro de um patrimônio ambiental medido em termos monetários, ainda é pouco conhecido no Brasil. Apesar disso, algumas entidades e instituições realizam trabalhos contabilizando os fatores ambientais como fauna, flora, biodiversidade, uso responsável de recursos naturais e impacto ambiental nas atividades econômicas. É o caso do Instituto Brasileiro de Agroecologia (IBA), que encabeça o projeto Contabilidade Ambiental na produção de alimentos em grande escala. O projeto visa analisar que tipo de solo o produtor está deixando para o mundo após a colheita, se está contabilizando um resultado positivo ou negativo em termos de matéria orgânica e vida presente no solo, ou seja, se está deixando o solo pior ou melhor do que o encontrou. Na contabilidade ambiental proposta pelo IBA, o solo é analisado de forma holística como um todo indivisível, e que por fins didáticos tem sua avaliação dividida em parâmetros biológicos, físicos e químicos. Por meio desses parâmetros, analisa-se se o solo em questão está se regenerando, criando contabilidade positiva, ou deteriorando  e, consequentemente, gerando contabilidade negativa.

Os benefícios para o ecossistema são notáveis, garantindo um solo vivo e que sustente uma produção saudável de alimentos para as futuras gerações, sem comprometê-las com uma contabilidade negativa na piora do solo. Do lado do produtor, também se vê grandes ganhos como maior rentabilidade da produção, redução de insumos externos e aumento da produtividade a longo prazo. Por fim, o consumidor também é favorecido por uma contabilidade ambiental positiva, com a melhora do solo, pois pode consumir alimentos mais limpos, nutritivos e de menor impacto ambiental.

A decisão das Nações Unidas da criação de um novo parâmetro de análise da contabilidade ambiental frente à prosperidade econômica é um passo significativo para o pressionar e conscientizar entidades sobre os impactos ambientais que causam a destruição dos recursos naturais. O Sistema de Contabilidade Econômico-Ambiental – Contabilidade de Ecossistema contribui para o alargamento de iniciativas de organizações não governamentais como o Instituto Brasileiro de Agroecologia, para que possam chegar à esfera estatal.

Ainda com muito caminho a percorrer, a humanidade segue apontando para caminhos mais coerentes e prósperos.

Ana Luíza Teixeira é colaboradora do Green Nation, graduanda do último ano em Relações Internacionais pela Universidade Federal de Uberlândia, ambientalista e produtora de conteúdo. LinkedIn

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