Ipê-roxo

Handroanthus heptaphyllus Mattos

Família: Bignoniaceae, a família botânica dos ipês e dos jacarandás.

Outros nomes: pau-d’arco-roxo e ipê.
Distribuição Geográfica: No Brasil essa espécie de ipê pode ser encontrada nos Estados da BA, MT, GO, MG, ES, SP, RJ, PR, SC e RS. Pertence ao Cerrado e a Mata Atlântica e é uma árvore nativa, mas não endêmica do nosso país.
Características: Árvore de 10 a 20 m de altura. O tronco que pode chegar a 1,50 m de diâmetro é geralmente cilíndrico e reto. A casca é grossa e bastante fissurada. As folhas são compostas, e os folíolos (5 a 7) de margem serrilhada ficam distribuídos tal como os dedos de uma mão. Esses folíolos são completamente lisos e de consistência fina. As flores ficam agrupadas na forma de uma bola. Elas são roxas (raramente cor de rosa) com o centro amarelado e muito vistosas. Os frutos são semelhantes a uma vagem e quando estão maduros secam naturalmente, expondo suas sementes ao vento. As sementes são aladas e facilmente carregadas pelo vento para longe da árvore-mãe.
Usos
Alimentação: Não existem registros do uso dessa espécie para alimentação.
Madeira: É considerada “madeira-de-lei”, muito resistente e uma das melhores da nossa flora para uso na construção civil e naval, além de possuir acabamento fino e belo. É utilizada principalmente nos trabalhos mais pesados e que necessitam de grande resistência mecânica como quilhas de navio, postes, alicerces de pontes, eixos de rodas, arcos etc. Suas propriedades são semelhantes as do ipê-rosa.
Uso medicinal: As propriedades medicinais são muito semelhantes as do Ipê-rosa. A casca é utilizada como cicatrizante e contra inflamações, tumores, alergias e sarna.  E também contra diabetes e até malária. O chá da casca tem a vantagem de ser mais saboroso que outros remédios tendo muitos usos conhecidos. Ela é frequentemente vendida em mercados e muito consumida no interior do Brasil, destacando-se a Região Norte.
Curiosidades: O ipê-roxo é muito procurado por madeireiros pelo tamanho e qualidade da sua madeira, o que o expõe ao perigo da extinção. Um dos maiores exemplares de Ipê-roxo conhecidos fica no Paraná e tem 46m de altura e 2,20m de diâmetro no tronco, e acredita-se que tenha cerca de 800 anos de idade, um verdadeiro monumento natural. Devemos considerar essa árvore, assim como outras muito antigas que temos em nossas florestas, como exemplos dos maiores patrimônios de nosso país. Esta espécie está na lista das ameaçadas de extinção do Estado do Paraná. Uma outra espécie parente do nosso Ipê-roxo, o Ipê-amarelo, foi decretada através de uma Lei de 1978  como a árvore nacional do Brasil. O nome Ipê quer dizer, em Tupi, “na água”, referindo-se provavelmente a sua utilização na construção naval.
Informações Ecológicas: Pode ser considerado espécie secundária ou clímax, característica de florestas bem preservadas. Por isso deve ser plantada juntamente com espécies pioneiras que darão sombra e proteção para seu crescimento. Essa técnica pode garantir maior rapidez na recuperação da vegetação de uma floresta. O desenvolvimento inicial das mudas do ipê-roxo é rápido, mas depois de um tempo fica mais lento. Esse Ipê começa a florescer após 4 ou 7 anos de plantio. Durante o inverno ele perde totalmente suas folhas e floresce, proporcionando um grande espetáculo da natureza, ficando toda a sua copa colorida pelas flores roxas.
Floração: Ao longo de todo o ano dependendo da região do Brasil. Nos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo floresce de junho a setembro. As flores são polinizadas por abelhas-mamangava (Bombus sp.).
Frutificação: De setembro a novembro na região Sudeste. A maturação dos frutos se dá quando a árvore já produziu novas folhas.
Referências:
CARVALHO, P.E.R. Espécies Arbóreas Brasileiras. vol. 1. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Colombo, PR: Embrapa Florestas, 2003.
Di DOMENICO, H. Léxico Tupi-Português: com aditamento de vocábulos de outras procedências indígenas. Taubaté, SP: UNITAU, 2008.
LOHMANN, L.G. 2012. Bignoniaceae in: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: . Acesso em: 30 abr 2012
LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, vol. 1. 4.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.
LORENZI, H. & MATOS, F.J. de A. Plantas Medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.