Via Revista Galileu
Em 2018,o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana apontou que 24% das residências brasileiras não possuem coleta seletiva e a média de reaproveitamento dos materiais recicláveis é de apenas 3,7%. A pesquisa, promovida pelo Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb) com a consultoria PwC (PricewaterhouseCoopers), ainda mostrou que 53% dos resíduos são descartados inadequadamente em lixões a céu aberto.
Para mudar essa realidade, surgiu o aplicativo Cataki, que une catadores e geradores de resíduos de todo o país. “Havia uma carência muito forte entre as pessoas e o descarte adequado. Nas grandes cidades, até quem queria fazer coleta seletiva não conseguia”, diz à GALILEU Henrique Ruiz, coordenador da ferramenta.
Segundo dados do Cataki, os profissionais de coleta separaram corretamente 90% dos itens que são reciclados no Brasil. E muitos sobrevivem com a renda pífia dos materiais: um quilo de plástico ou de papelão, por exemplo, vale somente 20 centavos. Já o quilo do vidro é mais desvalorizado, rendendo apenas 5 centavos.
Sandra de Sá que nos desculpe, mas estes números e do estudo mostram que “jogar fora no lixo” não é a melhor solução para se desfazer dos resíduos – e muito menos dos problemas da vida.
How it works
Profissionais de coleta, cooperativas e geradores – pessoas físicas ou jurídicas – podem instalar o Cataki gratuitamente em aparelhos que tenham os sistemas iOS (Apple Store) ou Android (Google Play). Após fazer o cadastro, já é possível navegar pela plataforma.
No caso do catador, é preciso indicar a região onde trabalha e preencher um breve perfil com dados pessoais, número de telefone e que tipo de material recolhe. Há também campos para inserir fotos, história de vida e frases, por exemplo. “Isso humaniza os catadores, que têm muita vontade de falar e ficam escondidos na sociedade“, fala Ruiz. “É um canal aberto para mostrar quem eles são.”
O app utiliza a localização para mostrar quais catadores (representados como carrocinhas) estão mais próximos. Caso o gerador tenha interesse, é necessário entrar em contato diretamente com o profissional para combinar a retirada dos resíduos.
Só não cato coquinho
Lançado em 2017, o app foi idealizado por Mundano, artista que também criou o Pimp My Carroça, projeto de estilização de carroças. No começo, a proposta do Cataki era impulsionar a coleta de materiais recicláveis mais comuns, como plástico, papel, metal e vidros.
Contudo, com o tempo, o dispositivo cresceu e passou a abranger outros itens: móveis, eletrônicos, pilhas, tijolos, lâmpadas, entulhos, restos de poda e madeira, por exemplo. “Não temos restrições a nenhum tipo de material”, explica Ruiz. “É óbvio que alguns vão ter um custo ou não geram receita para o catador. Nestes casos, indicamos que tenha remuneração de alguma forma.”
Materiais orgânicos, restos de alimentos, lixo hospitalar e outros itens que não podem ser reaproveitados ou enviados para ecopontos não são recolhidos.
Negociação
Segundo o coordenador, o Cataki é uma plataforma aberta, pois não cobra taxa de nenhum usuário. “Incentivamos que o gerador pague o catador pela prestação do serviço”, ele comenta. “O catador faz um serviço para a cidade, tirando até a responsabilidade do material da prefeitura e enviando-o para um local mais adequado.”
Indepentendemente do preço combinado entre as duas partes, o aplicativo não fica com nenhuma quantia do valor e nem do material. “Não somos uma empresa de tecnologia, mas de gestão de catadores e resíduos”, ressalta Ruiz. Caso os usuários precisem de alguma ajuda, há um suporte para tirar dúvidas.
Corrente do bem
O cadastramento no Cataki também funciona pelo site, sendo que qualquer pessoa pode inscrever um novo catador ou cooperativa sem custo nenhum.