Figueira-roxa

Ficus tomentella (Miq.) Miq.

Família: Moraceae, a família dos figos, da jaca e da amora.

Distribuição Geográfica: No Brasil ocorre nos Estados do AM, AP, PA, AC, RO, RR, BA, GO, MG, S, SP, RJ e PR. Sendo encontrada então no Cerrado, Amazônia e Mata Atlântica. É uma espécie nativa, mas não endêmica do Brasil e ocorre com frequência em algumas restingas.
Características: Árvore de grande porte, com quase 20 m de altura e copa larga. O tronco possui casca acinzentada. Todas as partes da planta possuem látex, um líquido branco-leitoso que escorre das áreas feridas do tronco e de onde folhas foram arrancadas. Nessa espécie o látex é adocicado. As folhas são simples, pilosas e compridas. Também possuem uma pequena folha protegendo a ponta dos ramos. As inflorescências são bem diferentes e possuem flores pequenas viradas para o lado de dentro de uma estrutura circular e fechada que conhecemos como figo. Elas são verdes e com pontos brancos. Os frutos são os mesmos figos que amadurecem depois que as flores em seu interior são polinizadas. A cor dos frutos pode variar, mas é comum continuarem verdes.
Usos
Alimentação: Os figos maduros dessa espécie, apesar de comestíveis, não são apreciados.
Madeira: A madeira é leve e de baixa durabilidade.
Uso medicinal: O látex da figueira-roxa é utilizado como vermífugo. Contudo, é preciso de orientação médica para usá-lo, pois se ingerido em quantidades erradas com leite pode causar problemas intestinais graves e sangramentos nos órgãos dos aparelhos reprodutivos.
Outros usos: É adequada para arborização urbana e de parques, devido ao seu grande porte.
Curiosidades: Alguns indivíduos dessa espécie podem chegar a dimensões gigantescas e na cidade do Rio de Janeiro vários podem ser encontrados nos bairros de Copacabana e Jardim Botânico. Um exemplo é a figueira-roxa da Rua Faro no Jardim Botânico, a qual é protegida por lei e não pode ser cortada. É também uma espécie muito comum na Quinta da Boa Vista onde existem várias de grande porte. Essa árvore é pouco estudada e não existem muitas informações sobre suas características de plantio e desenvolvimento, bem como de sua ecologia.
O Dr. Pedro Carauta do Museu Nacional do Rio de Janeiro é um grande estudioso das figueiras e as considera como um ecossistema vivo. Sobre elas vivem dezenas de espécies de plantas (orquídeas, bromélias, cactos etc.) e de animais (insetos, aves, mamíferos etc.). Além disso, em todos os diversos habitats que elas fornecem como as raízes, as fissuras no tronco, a copa e os figos, há algum tipo de vida em grande interação. Experimente passar alguns minutos observando detalhadamente uma figueira!
Informações Ecológicas: É uma planta pioneira muito indicada para reflorestamentos, pois seus figos são procurados por aves e macacos, o que ajuda na recuperação de áreas degradadas. Por possuir raízes muito longas e superficiais, que formam um emaranhado, pode ser utilizada visando à contenção de encostas. O desenvolvimento das mudas é bastante rápido após o plantio definitivo.
Floração: Pode ocorrer em mais de um período por ano. A polinização é feita por pequenas vespas que têm uma relação muito especial e específica com essas árvores, pois uma espécie não se reproduz sem a outra.
Frutificação: Pode ocorrer em mais de um período por ano, tendo registros de frutos maduros para os meses de fevereiro, março e abril na cidade do Rio de Janeiro. Os morcegos participam da dispersão dos frutos.
Referências:
CARAUTA, J.P.P. 1989. Ficus (Moraceae) no Brasil: Conservação e Taxonomia. Albertoa 2: 69-73.
CARAUTA, J.P.P. & DIAZ, B.E. Figueiras no Brasil. Rio de Janeiro, RJ: Editora UFRJ, 2002.
Pereira, A.F. & Esbérard, C.E.L. Captura de morcegos frugívoros junto a Ficus tomentella (Moraceae). Revista Brasileira de Zoociências 11 (1): 19- 23. 2009. Disponível em: . Acesso em:02 mai 2012.
ROMANIUC NETO, S., CARAUTA, J.P.P., VIANNA FILHO, M.D.M., PEREIRA, R.A.S., RIBEIRO, J.E.L.S., MACHADO, A.F.P., SANTOS, A., PELISSARI, G., PEDERNEIRAS, L.C. 2012. Moraceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: . Acesso em: 02 mai 2012.