Do terno às cavernas

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Daniel Menin começou a explorar o subterrâneo como esporte, mas a paixão pela espeleologia o transformou em um divulgador científico. Já fotografou e mapeou mais de cem cavernas no Brasil e em diversos países

Há 25 anos Daniel Menin, publicitário de formação e espeleólogo por opção, mapeia e fotografa cavernas no Brasil. A paixão aconteceu quando ainda era estudante de Comunicação no Mackenzie e um amigo convidou para conhecer o PETAR (Parque Estadual Turístico Alto do Ribeira), no sul do Estado de São Paulo. Daniel entrou na caverna e de lá, não saiu nunca mais. Desde então, já perdeu a conta de quantas cavernas já explorou. “Mais de cem, acho”, diz com modéstia.  No Brasil, Peru, Venezuela, Grécia, Itália e na França, onde fez curso na  École Francaise de Speleologie – EFS, que resultou em seu livro “ Técnicas Verticais para Espeleologia”.

“O homem já esteve na lua, nas profundezas do oceano, nas montanhas mais altas, mas tem muitas cavernas que nunca pisaram. Explorar cavernas é uma grande aventura, porque estamos em um ambiente intacto, um museu com a história do planeta há milhares de anos”, diz Daniel, que faz parte do Bambuí – Grupo de Pesquisas Espeleológicas.

Nesses 25 anos, para registrar e documentar os segredos das cavernas, o ex-executivo desenvolveu uma técnica própria de fotografia, já que não é possível levar equipamento pesados, flashes, tripés. Desde então suas fotos têm sido publicadas em revistas científicas de renome, entre elas, a National Geographic.

Estalactites podem revelar mudanças climáticas de milhares de anos

“Uma caverna é uma máquina do tempo. Um banco de dados científico com informações de milhares de anos. Lá você encontra evolução de espécies, animais que aprenderam a sobreviver com pouca comida e nenhuma luz; história, geofísica, arte rupestre. A caverna foi a primeira casa da humanidade. As estalactites e estalagmites guardam mudanças climáticas de até 200 mil anos, uma ciência que se chama paleoclima. Imprescindível para entendermos as mudanças climáticas em outros parâmetros”, conta.

Mais de uma vez, ao registrar a foto de algum animal visto nas cavernas e publicar no site, Daniel recebia ligações de biólogos dizendo que a espécie nunca havia sido catalogada.

O bagre-cego é uma das espécies de peixe troglóbio mais antigas do Brasil. Possui uma estrutura chamada pseudotímpano para ampliar sua percepção sensorial e se orientar na escuridão das cavernas.

Há quatro anos, Daniel deixou a carreira de executivo de marketing para dedicar-se totalmente à espeleologia. Organizou seu acervo de duas décadas e meia de experiências, boa parte delas relatadas no site que criou, TerraSub e transformou em palestras. Ao apresentar seu material para a psicóloga Luciene Tognetta, doutora em Educação, surgiu a ideia de se fazer um livro paradidático para crianças do ensino fundamental, lançado esse ano, “Dizem que toda caverna é assim…”. Com suas fotos, poemas de Luciene e ilustrações de Paulo R. Masserani. As páginas possuem QR Code e levam a vídeos didáticos de Daniel, ampliando a conversa sobre o tem em questão.

O livro gerou uma outra atividade: de educação ambiental nas escolas. Daniel leva um “minimuseu” para que as crianças entendam as estalactites, réplicas de dente de mastodonte e de tigre de sabre e a partir desse universo, gera um debate científico, que envolve diversas disciplinas.

Uma toperia é a personagem que explora as cavernas, textos poéticos de Luciene Tognetta

“A caverna é um tema que desperta as crianças. Pelo seu mistério, pelas aventuras, seus tesouros e segredos. Uma menina de 12 anos disse que ia fazer medicina, mas mudou de ideia depois da atividade”, relata o espeleólogo. 

Tantos anos de expedições com também rendeu uma obra inédita: Cavernas – Atlas do Brasil Subterrâneo, realizada conjuntamente com outros três espeleólogos brasileiros, Ezio Rubiolli, Augusto Auler e Roberto Brandi, todos do Grupo Bambuí. As 60 maiores cavernas do Brasil em extensão, 12 delas em profundidade, mapeadas com rigor científico, em 340 páginas coloridas com fotos, mapas, dados e históricos de cada uma das maiores cavernas do Brasil. Foram sete anos de organização editorial, além de cavernas revisitadas para apuração técnica.

“O trabalho também não se restringe somente aos autores ou ao grupo, mas representa a atuação de toda uma comunidade espeleológica brasileira atuante e comprometida na documentação e preservação do seu patrimônio espeleológico”, destaca Daniel.

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