Data de 1998 a primeira vez em que o termo sustentabilidade me chegou aos ouvidos. Acontecia a Exposição Internacional de Lisboa, em Portugal, cuja tema era o oceano como patrimônio para o futuro. Lembro que a palavra me causou tamanha estranheza que cheguei a questionar ser integrante apenas do vocabulário lusitano. Ledo engano! A Expo 98 mostrou que a sustentabilidade era algo prático, real e definitivamente necessário em todos os cantos do planeta e não apenas naquela cidade linda e repleta da gente.
Vinte anos mais tarde, desenho as experiências do festival que o Green Nation apresentará para o público durante o 8° Fórum Mundial de Água, que acontece em março, em Brasília (DF). Mais uma vez, os oceanos entram em pauta. E muito além de apreciar a beleza e a força destas águas, precisamos falar sobre o impacto do plástico, que polui suas ondas, mata animais e ameaça concretamente todos os ecossistemas marinhos. Sabe aquela tampinha deixada na areia? Sim, vai mesmo viajar milhares de quilômetros e terminar no estômago de alguma tartaruga.
Precisamos repensar nossas relações com os oceanos, pois não dá mais para aceitar que sejam vistos como a lixeira do planeta. Para começar a mudar de atitude, basta responder com franqueza: você quer mergulhar em águas translúcidas ou em um mar real de lixo, detritos e sujeira? Hoje, muitos espécimes não têm a primeira opção, tamanha a poluição que os afeta. E que tal comer uma sacola plástica de supermercado ou invés de uma alga fresquinha? No fundo do mar, ambos parecem a mesma coisa para os animais marinhos.
Se pararmos para pensar, a luta pela conscientização em Lisboa98 é a mesma que lutamos hoje no mundo todo e que vivenciaremos em Brasília no Fórum Mundial de Água. É preciso entender que não há outro oceano, assim como não existe outro planeta. É necessário educar para preservar e proteger cada onda, cada grão de areia e cada espécie. É fundamental compreender que há vida muita além da nossa própria existência, mesmo que devidamente escondida no mais profundo dos mares. É preciso respeitar há vida muito além da nossa própria.
Está aí o grande legado que a Expo me deixou: o amplo senso de que sustentabilidade é o respeito por cada elemento vivo que integra esse amplo ecossistema chamado Terra, mas que, de fato, deveria se chamar Água. Pensando bem, Lisboa também me deixou saudade do Gil, a mascote da edição, mas isso é resolvível. Quem sabe a delegação de Portugal não traz ele para o Fórum Mundial de Água? Um encontro 20 anos depois seria…