A Polícia Rodoviária Federal e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) intensificarão as operações nas estradas para coibir o boicote dos caminhoneiros ao Arla 32, aditivo que minimiza os óxidos de nitrogênio (NOx) emitidos pelos motores a diesel. O uso é obrigatório devido aos altos níveis de poluição atmosférica provocados pelo gás, que causa graves danos à saúde humana e ao meio ambiente nas grandes cidades. A ação já ocorreu em dois Estados nos meses de maio e junho, com resultados bastante significativos.
O trabalho em campo mostra que os motoristas de caminhão têm consciência, mas insistem na prática desse tipo de crime ambiental. Para reduzir seus custos, se arriscam até mesmo a ter o caminhão apreendido e pagar multas pesadas, superiores a R$ 50 mil.
O Ibama já aplicou mais de R$ 300 mil em multas e apreendeu 23 veículos. Alguns ainda estão nos pátios dos órgãos fiscalizadores aguardando a quitação das infrações. Não utilizar o Arla 32, além de ser uma economia irrisória no custo total do transporte, leva a prejuízos futuros previsíveis aos proprietários de caminhões, além da perda da garantia do veículo por parte das concessionárias e montadoras.
Nessa quarta-feira (04/08), em Brasília, técnicos de órgãos envolvidos na regulamentação das emissões atmosféricas e na coordenação do Programa de Controle da Poluição Veicular por Veículos Automotores (Proconve) (Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Saúde, Ibama, Polícia Rodoviária Federal, Cetesb-SP, INEA-RJ, INMETRO, ANP, entre outros) definiram a estratégia de controle das emissões de NOx, que incluem ainda três outras medidas. A ideia é fechar o cerco para evitar as fraudes responsáveis pela poluição.
De acordo com a diretora de Qualidade Ambiental do MMA, Letícia Carvalho foi decidido o que será feito de agora em diante. “Além de intensificar a fiscalização nas estradas, o que já vem dando bons resultados, devemos levar os Estados a implantar, o mais rápido possível, os programas de inspeção veicular”, disse.
Criados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) como uma obrigação dos Estados no âmbito do Proconve, o programa só está em operação no Rio de Janeiro. Os órgãos estaduais de fiscalização analisam as emissões dos motores, medindo o nível de concentração dos poluentes, inclusive dos NOx, e podem indicar se há ou não a correta manutenção do veículo.
Outra medida estudada é o aperfeiçoamento da tecnologia atual dos computadores de bordo que registram o que ocorre com os motores em sua vida útil. Os técnicos da indústria automobilística já estão estudando o assunto. Isso pode permitir que os órgãos fiscalizadores detectem as fraudes pelo dispositivo. Produtos semelhantes ao Arla 32 são utilizados mundialmente para o controle dos NOx.
Segundo o gerente de Qualidade do Ar da Secretária de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Rudolf Noronha, é preciso que cada um faça a sua parte para eliminar o problema dos NOx.
Estima-se que seja um dos principais problemas de saúde pública nas grandes cidades brasileiras. É um gás poluente com ação altamente oxidante, sua presença na atmosfera causa a formação do ozônio troposférico, que pode levar ao aumento de internações hospitalares, decorrente de problemas respiratórios, problemas pulmonares e alergias. No ambiente, pode levar a formação de chuvas ácidas. Além disso, tem um importante efeito nas mudanças do clima, agravando o efeito estufa. O Conama, por meio do Proconve, vem impondo à indústria automobilística limites de emissão de poluentes cada vez mais rigorosos, desde 1986. A utilização do Arla 32 pelos caminhões e ônibus é necessária desde 2012, quando se iniciou a Fase P7 do programa, com limites para os NOx extremamente rígidos para os veículos que utilizam óleo diesel.
Fim da linha para caminhões poluidores
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