Nosso rio, nossa identidade

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ODS - ONU

Nasci na cidade de Barra Mansa, RJ. Ela tem este nome em homenagem ao rio Barra Mansa, de águas calmas, afluente do rio Paraíba do Sul. Minha cidade natal cresceu ao redor deste dois rios. Puxo na minha memória as cidades por onde já passei ao longo da vida que também fazem referência a um rio, cachoeira, nome de peixe… São muitas! Rio Claro, Rio de Contas, Rio Negro, Rio Pardo, Ribeirão Preto,  Três Rios, Surubim, Dourados, Cachoeiras de Macacu e por aí vai.

Me corrija se eu estiver errado, por favor, mas acredito que esta homenagem dos municípios para com suas fontes de água doce muito natural. Imagine só, coloque-se no lugar de um pioneiro fundador de uma vila ha 100, 200, 300 anos ou mais. Qual a primeira coisa que ele precisa ter por perto para começar a cultivar o solo, criar animais, levantar sua casa e criar a sua família? Eu acho que é uma bela fonte de água doce!  Sem um rio ou regato por perto fica muito mais difícil tocar a vida em uma época que não existiam supermercados, furar poços era complicado e as estradas eram de terra, com transportes de cargas feitos em lombo de burro.

Esta história se repete quase sempre da mesma forma… Primeiro uma fazendinha fincada na beira de um regato prospera e se torna uma vila. Com o desenvolvimento da produção, do comércio e da indústria locais, todos dependentes das águas deste rio, a vila se torna cidade. Na hora de batizar a cidade que nasce, qual o elemento mais significativo, que dá identidade a todos os habitantes? O rio, claro!

Centenas, milhares de pessoas, gerações inteiras convivem diariamente com seus rios. Comem seus peixes. Se divertem em suas cachoeiras. Batem papo em suas margens. Criam lendas e histórias sobre eles. Descrevem em verso, prosa e música seus altos e baixos. Desenham ou pintam suas belezas. Assim como as cidades crescem ao redor dos rios, toda uma identidade cultural floresce ao redor das fontes de água doce.

Quando uma cidade polui, aterra, esconde ou mata seus rios, ela também está negando, escondendo e matando o elemento formador mais importante de sua identidade. Ao contrário, quando a população se dá conta da importância dos rios para sua vida, importância simbólica e prática, ela fortalece, reafirma sua identidade cultural, suas origens, história e tradições.

O meu Projeto Douradinho é um programa cultural de incentivo à leitura e educação ambiental que deseja a preservação e recuperação de rios e matas ciliares. Acreditamos que o cultural, o ambiental e o educacional funcionam muito bem juntos para a manutenção, fortalecimento e preservação deste bem que é igualmente material e simbólico, que define as origens e as fronteiras de nossas cidades, mas que também demarcam as nossas fronteiras interiores, com uma origem, uma cultura, uma história que merece ser preservada.

Sou Barramansense, um Fluminense (quem nasce no interior do estado do RJ, palavra esta que vem do latim flumen, traduzindo, rio) que quer ver preservada a sua identidade cultural. E você, qual o seu rio, sua identidade? Que tal cuidar dela por dentro e por fora?

Vejo o Fórum Internacional como uma oportunidade para celebrarmos a água como elemento importante para a nossa identidade. Eu estarei lá para contar a minha história, mas também para ouvir os causos das pessoas que querem compartilhar a sua cultura, suas memórias e desejos de participar de uma comunidade planetária em harmonia com a natureza.

Thiago Cascabulho é escritor, poeta, contador de histórias, roteirista, editor e produtor cultural fundador da Caraminholas Estúdio. Possui 8 livros publicados, dentre eles o “Amiga Lata, Amigo Rio”, peça fundamental do programa de incentivo à leitura e educação ambiental Projeto Douradinho, atuante há 16 anos.

PROJETO DOURADINHO

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